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Projetos Corporativos: como planejar escritórios para a nova realidade?

Projetos Corporativos: como planejar escritórios para a nova realidade?
30 de julho de 2021

Não se pode negar os impactos de uma crise global como esta, mas acreditamos que este momento que estamos atravessando veio acelerar, e não transformar, mudanças que já estavam em curso anteriormente.

Novas formas já estavam no radar antes mesmo da pandemia, pois haviam empresas que desejavam fazer uma descentralização dos escritórios, incorporando modalidades diferentes como o home office.

Havia também as empresas que pretendiam fechar o escritório próprio para se juntar ao que podemos chamar de comunidades corporativas, os coworkings, visando diminuir a despesa e a perda de tempo com a administração dos espaços. O foco passa a ser o próprio serviço ou produto, com o diferencial de ter o cafezinho sempre pronto e a vantagem de compartilhar experiências com pessoas que, não necessariamente, são da sua empresa.

Projeto de Felipe de Almeida | Foto: Evelyn Müller


No artigo do Blog da by Kamy de hoje, vamos discutir os caminhos que nos levam ao futuro dos escritórios, e o que acreditamos ser determinante para o sucesso deles nos próximos anos!

Identidade da marca

Ao falarmos em marcas, estamos ao mesmo tempo tratando de um símbolo físico, um logotipo, que diferencia produtos, serviços e empresas, como também uma história, uma forma de relacionamento com seus diversos públicos.

Como se pode notar, dentro de uma marca, existem aspectos racionais e tangíveis e também simbólicos, emocionais e intangíveis. Ao construir um projeto corporativo, é fundamental que este espaço físico também incorpore as nuances mais subjetivas de uma marca.

Projeto do Escritório Indio da Costa no Star Alliance 2014


Os projetos atuais refletem a cultura organizacional, portanto, buscam entender os hábitos, as práticas, os valores e os objetivos da empresa para materializá-los no layout tanto para os funcionários quanto para a sociedade.

Ao mesmo tempo que precisa ser complexo a ponto de compreender necessidades humanas, o projeto precisa ser simples e intuitivo o bastante para gerar assimilação e identificação instantâneas, de forma que as pessoas se sintam ‘parte do time’, inseridas pelo ambiente no contexto da marca.

Extensão da sua casa

Lembre-se que o escritório deve ser concebido como uma extensão da própria casa, pois assim ele vai gerar o desejo de sair da própria casa em busca desta experiência. Quando falamos desta extensão, estamos falando de acolhimento, um ambiente gostoso de ficar e trabalhar.

Os bons projetos corporativos devem expressar a realidade não só da empresa, mas do seu íntimo, da sua cidade e do seu cliente, trazendo serenidade e confiança em qualquer setor que atue.

Archademy Gabriel Monteiro da Silva | Fotos: Emerson Alves


Um caso muito interessante nesta pandemia é que muitos dos nossos funcionários, sejam da loja, do escritório ou da fábrica, quando houve o lockdown, eles nos pediam que queriam voltar! Embora não fosse possível, esse sentimento de querer estar junto foi muito surpreendente para nós! Isso prova que, na essência, o nosso ambiente corporativo está no caminho está certo.

Cores

Projetos diferenciados não são mais monocromáticos, muito pelo contrário: são mais criativos, mais coloridos. A variedade de cores não se aplica somente às cores da parede, mas aos detalhes como tapetes, quadros, flores, luzes e até mesmo aproveitar a paisagem que a vista oferece.

Projeto de Cacau Ribeiro | Foto: Ligia Sponchiado


O investimento em conforto e em design mostra o quanto o empresário é preocupado com a equipe e isso certamente vai influenciar as vendas do produto ou serviço – isso é perceptível para os clientes no atendimento e em voltar a ‘rever’ as pessoas de novo.

Projeto de Ruy Ohtake no Um Rooftop


Cuidar das pessoas

Por muito tempo, acreditava-se que bastava a empresa disponibilizar uma estação de trabalho e um computador com acesso à internet para que a eficiência de um escritório dependesse somente do esforço e da iniciativa dos funcionários.

Como pesquisas demonstraram posteriormente, até mesmo os funcionários mais competentes estão sujeitos às variações de humor e bem-estar, o que podem influenciar na produtividade média do escritório.

O briefing de um projeto corporativo mudou: o olhar dos arquitetos e designers de interiores está direcionado às pessoas, de modo a criar escritórios que proporcionam maior autonomia e flexibilidade para a equipe e, sobretudo, pensem em um escritório como pensam uma casa!

Projeto de Silvana Lara Nogueira | Foto: Cleiby Trevisan


Mais do que as tradicionais estações de trabalho e salas de reunião, um projeto corporativo hoje precisa entender como a empresa trabalha, como são os gestores e como a empresa funciona, de forma a racionalizar ambientes que potencializem as qualidades e elimine espaços subaproveitados ou ociosos.

A criatividade e a espontaneidade ganharam peso e valor com as novas gerações, que trouxeram para o ambiente corporativos não mais processos, e sim ideias. As ideias e vivências delas importam e são diferentes entre elas. O ambiente tem que estar pronto para receber essa "descontração" – isso também ajuda a criar uma ordem de valores e de metodologia, resultando em uma maior segurança até para os mais jovens e uma estabilidade do escritório como um todo.

Os espaços tiveram que se adequar a isso: uma nova dinâmica de trabalhar surgiu, onde o bem-estar e o espaço que a equipe ocupa se tornaram mais importantes do que antes para lidar com a pressão – afinal, o mercado de trabalho ficou mais competitivo a partir do momento que as pessoas se tornaram mais capacitadas, estudadas e experimentadas.

Repensar o espaço

A digitalização de processos seria uma evolução natural do mercado de trabalho, mas sua implantação foi acelerada em meses no que talvez demoraria anos para se consolidar entre as empresas. Os espaços de trabalho tiveram que acompanhar essas grandes mudanças, ou seja, acompanhar a nova maneira de se produzir e interagir que essas tecnologias geraram.

O home-office se tornou viável, permitindo que as pessoas possam interagir à distância, com áudio e vídeo e com isso o trabalho híbrido se tornou inevitável, porém algo que não vai substituir o trabalho presencial – a fórmula mágica é justamente saber equilibrar os dois modelos.

Projeto na F.Hits | Foto: Emerson Alves


Outro ponto constatado é que o home office não se mostrou tão ágil, produtivo e dinâmico no atendimento às demandas, aumentando a dependência de uma comunicação assertiva e não tanto na confiança interpessoal – o que por um lado traz a aceleração da tecnologia, por outro traz uma desaceleração no acerto das metas.

Os estímulos externos, a troca de experiências e influências e até mesmo as risadas ainda são pontos que quem trabalha em casa sente falta – e por ser um modelo irreversível, é preciso ter a perspicácia de saber trazer essa troca para dentro do escritório sem abrir mão do home office.

O sucesso desse regime de trabalho e as novas tecnologias de software, hardware e conectividade tornaram urgente o repensar dos escritórios, que diminuíram seus espaços e tiveram que repensar uma nova estrutura para as equipes presenciais e à distância trabalharem juntas.

Projeto de Karina Salgado - Two Arquitetura e Design | Foto: Julia Ribeiro


Curiosamente, a casa voltou a ser a concorrente do escritório e a ter um lugar de destaque: cabe aos bons projetos de escritório conseguirem motivar as pessoas a deixarem a sua casa para novas experiências.

As empresas que seguiram com equipes trabalhando no mesmo espaço tiveram que reinventar e adaptar os espaços e se atentar as novas prioridades que surgiram.

Como trabalharemos juntos no futuro?

Uma das grandes dificuldades atuais é manter a equipe motivada diante da modalidade trabalho híbrida, que diminui o contato espontâneo entre funcionários e gestores, impactando diretamente a produtividade e o clima organizacional - a saudade do cafezinho na copa mostra o quanto esse hábito ainda é valioso!

Trabalhar em equipe ainda é o melhor cenário para troca de ideias, interação, de informações, portanto, os novos projetos corporativos precisam incorporar soluções que promovam esse espírito de compartilhar e colaborar vivo, tanto para quem está no escritório quanto para quem está em casa.

Projeto de Carolina Kopper e Breves Arquitetura na Archademy Itaim | Foto: DSW


A imersão que o home office leva a um ambiente de trabalho é excessivamente individual, o que acaba inibindo a espontaneidade e atitudes do acaso – sim, muitas das boas ideias que surgem em uma empresa também são frutos do acaso!

Quem sabe um dia, a tal realidade virtual e aumentada se torne acessível a ponto de substituir com precisão o convívio das pessoas como suas experiências e emoções. Até lá seguimos trabalhando remotamente, hibridamente, mas com muita vontade de voltarmos às experiências presenciais!

Como é bacana falar de tendências que impactam diretamente a forma como trabalharemos no futuro! Não vamos parar por aqui: neste domingo (31), vai ao ar no @bykamy um IGTV com a arquiteta Samia Sarayedine Testa, abordando sobre a importância de trazer a identidade da empresa para o projeto.
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