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Teares brasileiros: conheça e ajude a manter essa tradição viva!

Teares brasileiros: conheça e ajude a manter essa tradição viva!
22 de abril de 2022

Kilims, Dhuries, Persas... Todos estes são exemplos de tapetes apreciados no mundo todo pela riqueza de detalhes, tecitura nobre e matérias-primas de qualidade superior. Dificílimos de se reproduzir, são peças raras produzidas quase que somente nas regiões onde surgiram.

Os brasileiros tendem a olhar esse tipo de tapete com muito apreço, dada a projeção global que eles ganharam ao longo dos séculos. E não há nada de errado nisto, estamos falando do suprassumo do universo dos tapetes.

No entanto, existe aqui pertinho uma tecitura que é apreciada no mundo todo, mas que, infelizmente, ainda é desconhecida – ou estaria esquecida? – por boa parte dos brasileiros: o tear nacional.

A história dos teares no Brasil

A história dos teares literalmente se entrelaça com a do Brasil, pois os primeiros teares com pedais, feitos de madeira, chegaram ao Brasil com os colonizadores portugueses e os primeiros artesãos têxteis começaram a se estabelecer no país.

A disposição em aprender a tecer aumentou rapidamente, sobretudo visando o sustento pessoal e da família, pois a população, a ocupação e o adensamento do território cresciam rapidamente e era preciso abastecer todas essas pessoas com roupas, malhas e tecidos.

Havia, é claro, a opção de importar tecidos e roupas de outros países, mas além do custo e o tempo de espera elevados, transportar isso em um país continental como o Brasil, ainda mais naquela época, impôs à população local uma necessidade de se adaptar que se transformou rapidamente em arte.

Engana-se quem pensa que somente os ‘brasileiros’ da época precisaram se adaptar: os primeiros artesãos estrangeiros tiveram de lidar com o algodão, uma fibra natural mais rústica e diferente da lã, da seda e do linho que estavam acostumados na Europa.

Facilmente implantável no cultivo familiar, o algodão – até hoje – é a base do tear brasileiro, mas hoje, outras fibras também podem ser associadas à produção artesanal, como chenile, sisal, taboa, corda náutica e até mesmo mix entre fibras naturais e sintéticas.

A importância de Minas Gerais

A região que hoje forma o estado de Minas Gerais foi muito impactada pelas intensas atividades mineradoras no século XVIII, tornando-se o símbolo da efervescência do Brasil enquanto Colônia enquanto as jazidas suportaram essa atividade predatória.

Com tanta gente trabalhando e circulando pela região, faltou mão de obra para diversos outros segmentos não diretamente ligados à mineração, mas que, de alguma forma, sustentavam e apoiavam os envolvidos com essa atividade. É o caso do artesanato têxtil.

Oficinas e até mesmo pequenas fábricas começaram a proliferar, a ponto de Minas conseguir ‘exportar’ sua produção de roupas e tecidos para outras localidades. Se por um lado isso ajudou a espalhar os conhecimentos e técnicas do tear, por outro, atraiu os olhos da Coroa Portuguesa, que se sentiu ameaçada com esse ‘polo’ de desenvolvimento local e independente justamente no momento em que a mineração começou a dar sinais de esgotamento.

Acredite se quiser: melindrado com o potencial libertador da atividade, a Coroa chegou a proibir fábricas e manufaturas têxteis em 1785, alegando que as mãos daqueles que teciam estariam melhor ocupadas se estivessem empenhadas em outras atividades, como a lavoura.

Isso só foi revisto décadas depois, com a vinda de toda a estrutura administrativa do Reino e a aristocracia que sustentava – abandonando Portugal às pressas por conta do implacável Napoleão Bonaparte.

Para manter toda essa estrutura abastecida, foi preciso criar incentivos para engajar o compartilhamento dessa tradição, mesmo que em pequena escala, algo que perpetuou a cultura do tecer para sempre naquela região.

Conhecimento que atravessa gerações

Uma das grandes virtudes não só do tear brasileiro, mas também aqueles que são produzidos em todo mundo, é a ligação entre diferentes gerações de uma família por meio do compartilhamento da técnica e sabedoria têxtil, o que contribuiu para que essa tradição ainda resista há séculos.

A partir do momento que o tear se tornou uma atividade interessante – e talvez a única opção – aos olhos da sobrevivência, mães começaram a ensinar suas filhas, que ensinaram as suas filhas anos depois e assim essa tradição se enraizou a partir das mãos de brasileiras.

Com os homens envolvidos em atividades externas, sobretudo na lavoura e depois na indústria, as mulheres em casa tinham de cuidar – muitas vezes, sozinhas – da casa, dos filhos e ainda prover uma renda extra com a tecitura.

As filhas começaram a ajudar as mães ainda novas e, assim, pouco a pouco a solidão se quebrava. Elas aprendiam não só o básico do tear, mas também técnicas de padronagem e desenhos típicos que são formados a partir da sábia combinação entre fios e pisadas no tear – em Minas Gerais, por exemplo, existem diferentes técnicas conhecida como ‘repasso mineiro’, algo que cada família artesã foi adaptando e construindo suas próprias ao longo da história.

Horas e horas a fio também foram preenchidas com muita prosa, versos e cantos, o que ajudou a tornar o tear brasileiro não só uma atividade comercial, mas principalmente um patrimônio sociocultural, culminando em parentes, vizinhas, amigas e cooperadas que, juntas, quebraram o preconceito (sim, como a proibição da Coroa nos mostra, há quem visse essa tradição como um desperdício de mão de obra).

O tear brasileiro

Embora sejam considerados mais fáceis de tecer do que os teares internacionais, não se deixe enganar pela aparente simplicidade – exige muita habilidade manual, paciência e repertório criativo do artesão com as ferramentas e materiais.

O tear oriental é feito na vertical, com nós e corte do fio, dispensando o entrelaçamento. Nó por nó, o desenho vai surgindo e o artesão vai se deslocando no sentido vertical da urdidura, podendo até usar andaimes para acompanhar o crescimento da peça. Quanto mais nós, mais precioso é o desenho – e existem mais de 50 tipos de nós.

Os teares brasileiros, por outro lado, são feitos na horizontal. Neles é possível produzir pequenos pedaços de tecido até tapetes de até cinco/seis metros de largura pelo comprimento que desejar. Essa largura até poderia ser maior, mas depende do tamanho do tear e, dada a essência familiar e residencial desse artesanato, nem sempre há espaço disponível para comportar medidas maiores.

A urdidura, base de conjunto de fios paralelos no comprimento do tear, é montada na vertical e é de algodão. Os fios são entrelaçados pelo artesão no sentido horizontal, indo e vindo, da esquerda para direita, criando o desenho da peça. Pedais e varetas auxiliam nessa criação, alternando tipos de fios, tranças, cores e espessuras que vão resultar no desenho final, geralmente de listras ou exaltando texturas. Esses acessórios são importantes para deixar tudo ortogonal, organizando os fios de modo que eles não enrolem entre si, o que acabaria inviabilizando a urdidura.

As batidas do pente no sentido da urdidura são usadas para finalizar e assentar o ponto, dimensionando a espessuras e densidade da trama dependendo da carga usada. À medida que o tapete vai sendo tecido, ele é enrolado em um tambor na parte superior do tear, fazendo com que o artesão fique posicionado sempre no mesmo lugar. Outro aspecto importante é que a roldana ajuda a dar tração/tensão nos fios na urdidura.

Essa técnica secular brasileira resulta em tapetes mais fáceis de tecer e criar alto e baixo relevo, além de facilitar a mescla de fibras diferentes, com mais texturas e menos desenhos.

Em uma viagem a Minas Gerais, a by Kamy registrou os detalhes do processo produtivo dessa técnica secular brasileira. Confira no vídeo abaixo:


Ajude a manter viva essa tradição!

Se por um lado o conhecimento que atravessa gerações é um dos grandes legados do tear brasileiro, esta é uma tradição que está ameaçadíssima de extinção. As novas gerações cada vez menos têm se interessado por essa atividade, ameaçando todo o ecossistema que mantém essa cultura viva.

Para que todo esse repertório não suma para sempre, precisamos dar mais atenção e incentivar economicamente a atividade, seja pela compra junto aos artesãos, seja pela propagação dos conhecimentos para que este ciclo secular de aprendizado têxtil se mantenha.

A by Kamy mantém viva a tradição do tear brasileiro com peças exclusivas confeccionadas por artesãos em nosso ateliê localizado no bairro Jardim Peri na Zona Oeste paulistana, resultando em produtos primorosos feitos manualmente, um a um, sob encomenda.

Hoje detemos mais de 120 tipos diferentes de estilos, cores, tramas e desenhos que podem ser urdidos especialmente para o cliente na medida desejada com largura máxima de até 5 metros.

As matérias-primas vão desde as fibras naturais até às sintéticas, um misto perfeito entre aprimoramento de técnicas milenares à alta tecnologia constantemente desenvolvida pela equipe by Kamy.

É hora de explorar toda a variedade do portfólio de teares brasileiros da by Kamy, um dos mais completos do país. Clique aqui e conheça todas as nossas opções.

Como ficam os ambientes com teares aplicados na prática por arquitetos e designers de interiores? Inspiração não falta no @bykamy, com fotos e vídeos de projetos profissionais utilizando teares brasileiros ao sabor da criatividade.

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