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Parviz, não estávamos preparados para nos despedir para sempre

Parviz, não estávamos preparados para nos despedir para sempre

Nicole Nigro 5413 views Nenhum comentário


Parviz Abrarpour, imigrou para o Brasil no início dos anos 60. Saiu da sua Pérsia, histórica e milenar com sua esposa e três filhos, com o propósito de facilitar a expansão organizada da fé Bahá’í. Foram chamados de Pioneiros, que eram os voluntários que deixavam suas casas para mudar-se para outro lugar, frequentemente outro país e ao invés de chamar de missionárismo, os Bahá’í denominavam essa mudança como Pioneirismo.

Sr. Parviz e sua família assim como centenas de outros Pioneiros estabeleceram-se em países ao redor do mundo, durante a Cruzada de Dez Anos, que ocorreu entre os anos 1953 até 1963 para ensinar a Fé Bahá’í.

Na Pérsia, como fazia questão de se referir ao seu país, Sr. Parviz era comerciante e sua esposa D. Tahere, era enfermeira. Escolheram o Brasil, por já ter aqui vários amigos e conhecidos morando no país.

Ao chegarem, Sr. Parviz viu a oportunidade de trabalhar com tapetes, aliando o conhecimento de uma das tradições mais características de seu país, a comercialização de tapetes. Sua primeira loja foi na Alameda Gabriel Monteiro da Silva e posteriormente na Al. Lorena, chamada Isfahan. Com um início difícil, tinha que importar os tapetes por navio do Oriente. As peças vinham dentro de grandes baús e o próprio Parviz participava de todo processo de escolha de produtos para sua loja no Brasil.

Apesar das dificuldades iniciais, o casal estava progredindo com a colaboração de toda a família. Em 1978, recebeu um convite de um amigo que morava nos Estados Unidos e a proposta era para se mudar para Dallas, no Texas e juntos abrirem uma loja de tapetes e assim o fez. Mudou-se para o lá, junto com sua família, pois também tinha o propósito de uma educação melhor para os filhos, não deixando, no entanto, de manter os vínculos com o Brasil, naturalizando-se ele e a esposa brasileiros.

No ano de 2001, retornou ao Brasil, morando inicialmente em Santos e em seguida foi para Jundiaí, onde também abriu uma loja de tapetes.

Embora mantivesse viva as tradições do seu país ou Pérsia, como ele fazia questão de se referir ao Iran, não aceitava a postura autoritária dos governantes e líderes da Revolução Islâmica, com a colocação dos dogmas da religião acima de todos os valores democráticos comuns e outros países do mundo. Dizia que nunca voltaria ao Iran, pois queria ter na memória somente as boas recordações, beleza e história do seu país milenar no tempo em que lá viveu, no regime monarquista da dinastia Pahlavi, considerando-os responsáveis por um grande impulso modernizante de seu país. Não se cansava de falar da beleza da Imperatriz Pahlavi, ou Farah Diba como é conhecida a esposa do Xá. Não tinha nenhum preconceito ou fanatismo religioso, se dava com muçulmanos fossem eles xiitas ou sunitas, os recebia em sua casa e ajudava financeiramente aqueles que eram refugiados.

Extremamente tradicional, não gostava dos tapetes contemporâneos e dizia que estes não tinham história, beleza e qualidades dos produtos feitos totalmente à mão do Iran.

Tinha um sorriso aberto que vinha de dentro do coração e largo como seus passos. Era um homem a frente de seu tempo, hábil, conciliador e por isso passavam despercebidos a sua insistência em querer que tudo se resolvesse rapidamente, no tempo dele.

Amava a vida, amava os seus filhos, netos e era sempre muito gentil com todos, não se importando com a classe social para uma conversa animada e consequentemente muitas risadas com a suas tiradas engraçadas.

Sr. Parviz morreu em Dallas, no dia 12 de março deste ano aos 93 anos ao lado de sua esposa e companheira por mais de 60 anos. Lutou por viver, embora nos últimos dois anos sua saúde tenha se deteriorado bastante.

Ninguém morre quando deixa de existir: uma pessoa só morre definitivamente quando ninguém mais se lembrar dela. Assim, Sr. Parviz terá vida por muito tempo, pois deixou um legado para a família, amigos e por toda a empresa by Kamy, que sempre guardará pelo tesouro de seus princípios e se lembrará dele com carinho e certamente com risadas com aquele seu jeito engraçado e bem-humorado de viver.

Descanse em paz e se puder sinta orgulho do bem e de todos os ensinamentos valiosos que deixou aos filhos e a tantas outras pessoas e a nossa empresa.

Sentiremos sua falta! Até um dia, até sempre!


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