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Tapetes persas: tudo o que você precisa saber sobre eles!

Tapetes persas: tudo o que você precisa saber sobre eles!
7 de maio de 2021

Falar da história dos tapetes, sem nenhum exagero, é falar da história da própria humanidade. Há exemplares com mais de 2.500 anos de idade, como é o caso da peça oriental Pazyryk, considerando por muitos pesquisadores o primeiro tapete da história e hoje parte do acervo do Museu de São Petersburgo, na Rússia. Descoberto sob o gelo na Sibéria, testes confirmaram que ele foi feito no séc. V a.C. (antes de Cristo).

A arte de tecer tapetes teve início com os persas e os orientais. Embora sejam tratados como sinônimos por muitas pessoas até hoje, saiba que existem diferenças significativas entre eles, não só no visual, mas principalmente nas técnicas de tecitura!

O tapete persa é o tapete iraniano, afinal, o Irã ocupa hoje a maior parte do território que era conhecido como a antiga Pérsia. Quando falamos em tapete persa estamos nos referindo, especificamente, ao tapete iraniano feito à mão. É um modelo muito particular dessa região em termos de técnicas de tecitura e o design dos medalhões, bordas e franjas. Um tapete Nain Habibian é um exemplo de tapete persa.

Já o tapete oriental é como nos referimos a todos os tapetes feitos no Oriente (caucasianos, nepalês, indiano, paquistanês, chinês, turco etc.) a partir de uma mesma técnica. O tapete Ziegler (Paquistão) ou um tapete Aloe (Nepal) são exemplos de tapetes orientais. É um tipo de tecitura que, mantida a técnica, permite a introdução de desenhos mais contemporâneos.

Origem milenar

A origem do tapete persa está associada a uma arte de tecitura que existe no Irã desde a Pérsia. Sua produção ainda é realizada em cidades históricas, cuja técnica compreende movimentos sofisticados e rápidos tão difíceis de reproduzir que tornam a região praticamente a única fonte desse material para exportação ao restante do mundo.

Essas peças contam a história de tribos e a evolução de uma história rica em cultura e talento. Os fios são entrelaçados com atenção máxima em peças que podem demorar mais de 12 meses para ficarem prontas, fator que depende desde o tipo de desenho até tamanho da peça. No passado os tapetes persas eram usados por tribos nômades como meio de proteção do frio e com o decorrer da história, adquiriram o status de obra de arte.

É possível encontrar tapetes persa produzidos com lã, algodão e com materiais mais nobres como seda. Os desenhos dos persas variam muito ao longo da história assim como as muitas mudanças históricas, religiosas e políticas do Irã, mas de forma geral, podemos encontrar a presença de desenhos geométricos, medalhões e flores. As versões mais clássicas dos persas, inclui um mix das cores vermelho, bege e azul.

Pode-se dividir os persas entre tapetes tribais e de cidade. Nos tribais, encontramos pontos mais finos além de tons avermelhados e outras cores ligadas a natureza, assim como seus desenhos. Esses tapetes faziam parte do cotidiano persa nômade, como parte importante de suas casas, sendo deslocados junto com seus grupos, o que os tornava sagrados, era a única parte da casa que permanecia junto a esses deslocamentos. Cada tribo inseria naquelas peças características de sua vivência.

Outra característica que diferencia os tapetes tribais dos da cidade é o tamanho. Os de origem nômade são sempre menores, pois o carregamento nos deslocamentos exigia deles medidas mais apropriadas para isso, além do peso ser um fator que atrapalha. É uma peça que necessariamente precisava ser multifuncional em vários sentidos, indo além do tapete, mas também em outras representações têxteis, pois era uma das poucas coisas que podiam carregar para todo lugar para sobreviver.

Já os tapetes de cidade são desenvolvidos em grandes galpões justamente para atender uma demanda mais fina e requintada, numa época mais distante para os grandes palácios da nobreza de vários países e hoje para as classes mais ricas.

O caminho para o céu

Ao resistir às mudanças impostas pelo correr do relógio, cada tapete persa carrega em suas tramas histórias e vivências de povos, culturas, idiomas, técnicas e hábitos que provavelmente estariam perdidos se não fossem tecidos por alguém em algum lugar.

O tapete persa é a representação máxima do tapete como obra de arte, como uma peça do décor que vai além da simples forração do piso ao passo que carrega o espaço de um forte e milenar significado. Por mais destaque que possamos dar a esses atributos, é bastante provável que não estejamos tirando ou ao menos compreendo o que significa um tapete como esse.

Na época medieval, os tapetes persas podiam ser encontrados nos grandes castelos, refletindo toda a nobreza e riqueza desse período, refletindo as artes e costumes da realeza do período. Importantes de tal forma que se guardavam tapetes em baús como um ‘enxoval’ ou dote das noivas nos casamentos, representando um patrimônio como ponto de partida para a vida a dois.

Acontece que, como parte do mundo Ocidental, muitas vezes não nos damos conta que acabamos nos afastando da narrativa original desses tapetes no Oriente. Se aqui frequentemente entendemos um tapete como uma peça bidimensional, dada a adaptação que o Ocidente faz dele, os persas e os orientais por outro lado como um todo veem os tapetes como tridimensionais, ou seja, ele não é um complemento, pode ser ele mesmo o protagonista do que queremos fazer no espaço.

Bastam um tapete e algumas almofadas (que também eram feitas de tapete) para que ali se torne o local ideal para comer, beber, conversar e rezar. É importante destacar aqui a tradição de ser recebido nas casas do Oriente sobre esses tapetes, geralmente servidos de chá – tal como o café aqui no Ocidente. Mas diferente do café, que geralmente se acaba num gole, um chá sobre o tapete persa – sem mesas ou bandejas – é pensado como uma ocasião que vai se alongar dada a relevância do momento.

É tão sagrado estar sobre o tapete persa que no próprio desenho, a partir de bordas e medalhões, os antigos artesões acreditavam que se tratava de um caminho para o céu, tramas que conectam corpo e mente, matéria e espiritualidade.

Não à toa esse tipo de tapete é essencial no islamismo, justamente por proporcionar materialmente uma conexão representativa com a fé e o divino, onde quer que a pessoa esteja – tão sagrado a ponto de ser capaz de substituir e representar em pouquíssimos metros o que em tese seria um local físico como a mesquita. Vamos combinar que isso não é para qualquer tapete, certo?

Uma peça tão valiosa que muitas figuras históricas lhe deram o que pode ser considerada a honra eterna: acompanhá-los no leito da morte, tornando-se parte da sepultura – como o de Ciro, o Grande, em Pasárgada, monumento relatado como tão magnífico que foi capaz de impressionar outros soberanos, como Alexandre II, da Macedônia.

Outro exemplo magnífico é a tumba do bailarino Rudolf Nureyev, que acabou se tornando uma das atrações do Cemitério Comunal de Sainte-Geneviève-des-Bois, na área metropolitana de Paris. A manta criada pelo italiano Ezio Frigerio não é de tecido, mas feita de mosaicos muito pequenos de cores variadas simulando um tapete. Caucasiano, ele desejou que esse tapete oriental expressasse a sua cultura e de seu povo, resumindo no têxtil sua história de vida.

Os principais modelos de tapetes persas e orientais:

Desde os tempos antigos, os comerciantes desenvolveram uma espécie de classificação para os tapetes persa e orientais, tanto ajudaram para a sua identificação que se tornaram nomenclatura para os tapetes. Essa classificação leva em conta a produção manual em cidades históricas que dão os nomes aos tapetes.

Bakthiar

Os Bakthiar são originários de tribos nômades do sul do Iran, entre Isfahan e o Golfo Pérsico, vindos originalmente da Turquia. Com trama de algodão e pelo de lã, com nó turco, cores fortes de origem natural, geralmente em várias tonalidades de vermelho, ferrugem e azul. Desenho fortemente influenciado por Isfahan, muitas vezes quadrados e polígonos com decoração floral estilizada, animais, árvore da vida, ciprestes, à volta dos quais os outros ornamentos são arranjados.




Caucasianos

Os Caucasianos são tapetes que se caracterizam principalmente por seu rigor geométrico. Um elemento que se sobressai em seu design é a tendência à abstração. Outra característica marcante deles são as cores que, embora em menor número, são vivas e contrastantes.






Farahan

Levando o nome do distrito localizado no Oeste do Irã, tradicionalíssimo na produção de tapetes, os Farahan são peças de extrema elegância e com refinamento e desenho detalhado. Urdidura de algodão fino e forte, pelo curto, no persa e turco, desenho herati (rosetas, losangos, folhas recurvadas, múltiplas cores que são geralmente azul índigo, verde em várias nuances, amarelo e laranja e contornos finos em azul e preto) compõe essa verdadeira obra de arte.



Heriz

A produção do Heriz está principalmente no Azerbaijão e no Nordeste da Pérsia, o seu tipo de nó é turco. A trama de algodão, pelo de lã, algumas vezes de seda. O desenho floral é convertido a quase geométrico pelo emprego exclusivo de linhas retas tendo no campo principal, geralmente vermelho, um medalhão contendo flores, folhas e arabescos. Os antigos têm várias tonalidades de azul, marrom, bege e turquesa.






Isfahan

Produzidos na província de Isfahan, a terceira maior cidade do Irã, os Isfahan têm como características alta qualidade, principalmente por sua matéria-prima geralmente composto por seda, lã e algodão. A aparência do Isfahan chama atenção por seus medalhões, muito simétricos, normalmente cercados por palmas e videiras. Seu tamanho geralmente é mediano.




Kirman

Famosos pela presença marcante do medalhão central, os tapetes persas Kirman apresentam grande qualidade. Vermelhos, suaves verde, azul, amarelo e marfim são seus tons principais. Produzidos em Kirman, uma das mais belas cidades do Irã, essas peças foram descobertas apenas no século passado, e intrigam por seu design complexo, criado com nós persas e muito apreciados na Inglaterra, um dos maiores importadores da peça.





Nain

O tapete Nain foi originalmente produzido no centro do Irã, com trama de algodão, em nó persa. O fundo é geralmente vermelho, com cores de diversas nuances de azul e cinza claro. Peça harmoniosa e típica das oficinas iranianas, pode ter medalhão e desenhos florais, contornos feitos em seda, dando uma aparência em relevo ao tapete.




Tabriz

Os Tabriz são conhecidos há vários séculos, desde a Idade Média, feitos no Azerbaijão e Nordeste do Iran. Tabriz é a terceira cidade do Irã, o fundo é geralmente vermelho escuro e azul forte, tendo como contraste o marfim, o típico Tabriz tem um medalhão central de estilo barroco.


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