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Em especial a todas as mães: Uma história de luta, determinação e amor materno!

9 de maio de 2010 5 comments

Desde adolescente, Ana dizia aos pais que teria um filho chamado Luiz Guilherme e o apelidaria de Lugui. Filha única de pai pedreiro e mãe doméstica, Ana teve pais que a criaram dando o que podiam e a ensinaram o necessário: educação e caráter. Com uma realidade sem grandes perspectivas na infância e adolescência, ela decidiu mudar o rumo da sua história: "Eu não quero que meu filho tenha as dificuldades que eu tive."

Cinco dias antes de completar 34 anos de idade, Ana, que trabalhava em um escritório de advocacia, teve seu filho, o Lugui. Sem ao menos tirar os pontos da cirurgia, teve de voltar a trabalhar quando o dono do escritório teve 5 paradas cardíacas e se ausentou do trabalho.

Para cuidar de seu filho enquanto trabalhava, Ana contou com a ajuda de sua mãe, já então uma senhora doente, que vigiava se Lugui era bem amamentado e cuidado pela babá. Até os 9 anos de idade o menino teve a companhia da avó, apaixonada pelas músicas de Roberto Carlos. Lugui sofreu um baque quando ela faleceu.

Muito esperto e inteligente, com 2 anos de idade - já sem as fraldas - Lugui falava pouco e ficava com os olhos grudados na TV. Isto chamou a atenção de Ana, que aos 18 anos se interessou sobre crianças com problemas de aprendizagem, enquanto fazia magistério.

"Como eu ia imaginar que meu filho fosse justamente disléxico, quando eu me especializei e fiz estágio justamente em dislexia, disnomia, etc? Deus faz as coisas muito certo, né?"

Sua especialização ajudou com que percebesse, ao passar dos anos, que em algumas coisas Lugui era muito avançado em relação às crianças da idade dele, e em outras era muito atrasado. Quando ele tinha 3 anos ela levou um susto ao perceber que ele estava ficando estrábico e com 6 graus de hipermetropia e estigmatismo. Foram mais 3 anos de luta para que Lugui se tratasse, através de pequena cirurgia e tampões, para que os graus fossem diminuindo.

Filho único como a mãe, Lugui queria ir para a escolinha. Ana não tinha condições de pagar, então tentou na escola de aplicação da USP, onde as vagas eram dadas por sorteio. Lugui não foi sorteado. Era setembro, fazia muito frio. Ana pegou um banquinho e ficou esperando numa fila durante toda a noite até que finalmente conseguiu a vaga para o filho, que ficou na escola até os 6 anos.

Por nesta época Lugui ter dificuldade em escrever, Ana perguntava à professora se ele não era disléxico. Havia uma insegurança nela, afinal havia se formado, mas não tinha dado aula. Já que sempre trabalhou muito e convivia pouco com Lugui, pensava se não estaria exigindo muito dele. A resposta padrão que médicos e professores davam a sua preocupação era que ele era muito inteligente e desligado, não disléxico. Com sessões de fonoaudiologia desenvolveu melhor a fala e desandou a dizer coisas de criança.

"O disléxico tem uma característica: se você der um recado e ele não anotar, ele esquece. Mas daqui a cinco anos ele vai lembrar que você deu um recado. Ou seja, a memória curta é muito fraca e a memória longa é muito boa.", diz Ana.

A dislexia de Lugui é rara: de entendimento. Ana nunca se conformou com as pessoas dizendo apenas que ele era desligado e sempre foi atrás de soluções para a melhora do filho. Até que encontrou na internet o site da ABD (Associação Brasileira de Dislexia). Ligou para a associação e investiu na "investigação" se ele tinha dislexia ou não. Afinal, não se pode saber se a pessoa é disléxica através de apenas um exame. São testes que por exclusão se chega nesta constatação. E a médica, num exame de vista, disse: "Tenho certeza que ele é disléxico." O fundo do olho do disléxico é diferente dos demais. "Numa sala de aula, hoje, pelo menos 1/3 das pessoas são disléxicas. Mas muitos têm vergonha de admitir ou não sabem que são pela falta de conhecimento." - comenta Ana.

Ana sempre trabalhou muito para ajudar ao filho e dar a ele o que ela não teve. Com uma maior estabilidade financeira, o colocou em aulas de natação para melhorar a coordenação, já levou Lugui três vezes aos Estados Unidos aprender o idioma, já que ele aprende mais ouvindo do que lendo, e investiu durante anos em sessões de fonoaudiologia para o filho.

Muitas vezes sai do galpão da by Kamy depois das 22h. "Não me arrependo de trabalhar tanto. Se não fosse por isto não poderia proporcionar estas coisas ao Lugui.", comenta. Ana é daquelas pessoas que responde e-mails das 8 da manhã até quase de madrugada. Mesmo com sua ausência soube educar muito bem o filho, e sozinha. Consciente do esforço de sua mãe, Lugui se espelha nela na busca por justiça. Gosta de assuntos ligados à preservação do meio ambiente, é "caxias" no trânsito, como diz Ana, e se a vir jogando uma bituca de cigarro no chão é capaz de pegar as cinzas com a mão e jogá-las no lixo, e, claro, dar uma bronca na mãe.

Mesmo quando fica até de madrugada trabalhando - o que não é raro - não deixa de fazer o café da manhã especial ao filho. Num mundo de hoje onde as mulheres se posicionaram no lugar de muitos homens no comando da família e de empresas, Ana e outras mulheres mostram como é possível liderar em casa ou no escritório, educar bem os filhos e passar bons valores como respeito e bom caráter. Ela conseguiu e sente muito orgulho do filho. "Olha, o Lugui foi um presente.", comenta Ana.

Ele poderia dizer a mesma coisa em relação a ela. O que Lugui bem sabe é que ele tem um exemplo de mãe, como ela mesma define: "Ser mãe é gostar de uma pessoa, acima de tudo e de todos, mais do que você mesma. É você querer tudo que houver de bom nesta vida para aquela pessoa. Porém, você nunca mais vive em paz depois que você tem filho. Sempre há uma preocupação com um resfriado, porque o filho está na rua, preocupação com a maldade do mundo...sempre. Mas, um sorriso vale tudo isto, não há preço."


Ana Lopes e seu filho Lugui


Os dois são grandes companheiros, amigos, que viajam e passam fim de ano juntos. "O Lugui realmente é tudo na minha vida." Ela se lembra de uma cena, quando o filho era pequeno, e em lágrimas ele disse pra ela: "É por isso que eu te amo. Você sempre me apoiou, você sempre me ajudou. Eu sempre confiei em você."

Ana Lopes é Gerente Administrativo da by Kamy. Há 19 anos trabalha na empresa, mesma idade de Lugui. Apaixonado por aviação, ele é estudante de Sistemas da Computação, tem o sonho de ajudar a construir uma sociedade mais justa e igualitária.

Posted in: Especial
Jamilah 21 de março de 2017 at 17:48
Parabens a by Kamy por publicar e tambem a Ana por expor sua historia linda, de muita garra e determinação, so poderia receber tudo de melhor de volta. bjs
Ana 21 de março de 2017 at 17:48
Agradeço pela homenagem especial e a compartilho com todas as colegas "mães" da empresa. Sou realmente uma pessoa de sorte , pois tenho um filho maravilhoso e trabalho em uma empresa que me deu todas as oportunidades e tempo para cuidar dele! Muito obrigada . Adorei e me emocionei !
Alexandre 21 de março de 2017 at 17:48
Guerreira !!!!
bjs
Claudio Yida 21 de março de 2017 at 17:48
Pessoas costumam ser reflexo de seu meio e vice-versa. Então, não é à toa que Ana Lopes é colaboradora da Kamy.
Ana, pessoas exemplares como você merecem todo o respeito e precisam ter sua história contada. Que sirva de incentivo para quem tem problemas parecidos.
Kamy e Francesca, parabéns por contarem com alguém como a Ana em seu quadro de funcionários.
Grande abraço a todos. Claudio Yida.
Andresa de Souza 21 de março de 2017 at 17:48
Parabéns!!!! Amei ler essa reportagem, a Ana também é como uma mãe para mim, uma mulher guerreira, que tenho o privilégio de conhecer desde criança, sempre foi assim...
Posso dizer que vocês tem um tesouro!
Amo demais a Ana e o Lugui, pessoas que Deus colocou na minha vida.
Muitos Beijos.
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